sexta-feira, dezembro 15, 2006

estranho



Lúgubres olhos aqueles. Feriam como que adoçando. Ele esperava reciprocidade. Ela esperava o mesmo. Nenhum encontrou o que esperava. O que seria louvável, erigiu um problema.

As portas abertas deixavam muitos caminhos; passagens pelas quais responder. O vento trazia ares de tempos passados; mistura de ocre num tempo escaldante. Queimava de pensar. Os dois escaldados no meio do fogo. Num relance, fogueiras diferentes.

Avançavam no futuro. E não gostavam do que viam. Se encontravam em lugares diferentes, que nem a gramática podia corrigir. Se juravam o amor – e o faziam de forma honesta (palavra limpa, higiênica) -, sonhavam com outros lugares. Mas sempre o mesmo beijo. Queriam um ao outro mais do que podiam; mas não havia punhal shakespeareano suficiente para eternizar o impossível.

Deus fecha os olhos e o mundo ganha sentido

Mas riam. Melhor, sorriam. Sorrisos verdadeiros, de verdade, mas sorrisos. A cada palavra proferida por bocas entrelaçadas, mais o branco descomprometido dava lugar ao possível de um encontro. O final esperado.


Lucas Fabbrin