quinta-feira, abril 26, 2007

Viva o país

PAC-man

sexta-feira, dezembro 15, 2006

estranho



Lúgubres olhos aqueles. Feriam como que adoçando. Ele esperava reciprocidade. Ela esperava o mesmo. Nenhum encontrou o que esperava. O que seria louvável, erigiu um problema.

As portas abertas deixavam muitos caminhos; passagens pelas quais responder. O vento trazia ares de tempos passados; mistura de ocre num tempo escaldante. Queimava de pensar. Os dois escaldados no meio do fogo. Num relance, fogueiras diferentes.

Avançavam no futuro. E não gostavam do que viam. Se encontravam em lugares diferentes, que nem a gramática podia corrigir. Se juravam o amor – e o faziam de forma honesta (palavra limpa, higiênica) -, sonhavam com outros lugares. Mas sempre o mesmo beijo. Queriam um ao outro mais do que podiam; mas não havia punhal shakespeareano suficiente para eternizar o impossível.

Deus fecha os olhos e o mundo ganha sentido

Mas riam. Melhor, sorriam. Sorrisos verdadeiros, de verdade, mas sorrisos. A cada palavra proferida por bocas entrelaçadas, mais o branco descomprometido dava lugar ao possível de um encontro. O final esperado.


Lucas Fabbrin

segunda-feira, novembro 27, 2006

sinal dos tempos

- Nossa! Que número grande você tem!

- É pra te comer melhor...

quinta-feira, novembro 23, 2006

Anna Netrebko



quarta-feira, novembro 08, 2006

Kai e Hai da pós-modernidade

Profissional multifacetado ou Biscateiro?

terça-feira, outubro 17, 2006

Chama SS

Os analistas/espiões das emissoras de televisão descobriram a última novidade que invadirá a telinha. Não se trata de adolescentes de 25 anos seminuas na escola. Nem do quadro "Praia do Gugu", onde os participantes tentam fazer a cena de sexo mais real possível na beira da praia.

A nova novidade do horário nobre se trata do remake de um programa já consagrado. Senor Abravanel mandou, tá mandado. Vem aí a Casa dos Artistas - versão TSE. A telinha vai ficar bem bacana. O projeto segue o molde dos programas anteriores, mas dessa vez os participantes serão escolhidos dentre o rol de pessoas ainda mais ilustres. Confira:

- Collor;
- Brizola (seria um boneco de ventríloquo. O ventríloquo seria o Vieirinha, mas só que o boneco controlaria o Vieirinha);
- Pitta;
- Zé Dirceu;
- Maluf (que na verdade seria a mesma pessoa do Pitta. Tipo o "Duas Caras" do Batman. Ainda não decidiram quem fica nas costas de quem);
- ACM. Dizem que seria apelidado de "painho";
- Freud Godoy. Ele seria o responsável por explicar porque as comidas sumiram, porque perderam as provas e tentar entender como estão as relações na casa. Afinal de contas, "Freud explica".

Os participantes que fossem para o "paredão da CPI" seriam "bombardeados". Enéas seria responsável por bombardear com bomba atômica o participante eliminado através de CPI. Os eleitos para a CPI seriam decididos por Onix. Dizem que o participante que escapar do paredão ganhará uma pizza. A bela assistente de palco seria a Manuela "e aí beleza?".

Uma das provas mais disputadas será aquela em que os "moradores" da casa (que parece, será projetada por Niemeyer em estilo modernista, de onde ninguém quer sair) deverão achar o dedo mindinho do presidente. Dizem que o dedo vem com um anel style Super Gêmeos ("Super Gêmeos ativar!"), que faz com que você sempre tenha de achar um companheiro para resolver os seus problemas.

A corrida do saco será a prova mais divertida. O participante que chegar por último em função do peso das notas no saco ganha todo o valor. Em função dessa informação ter vazado, parece que vão tirar a prova. Dizem que Pitta havia preparado uma piada com a expressão "de saco cheio", da qual todos riram.

O vencedor do programa ganhará uma conta em um paraíso fiscal não identificado. Só depois descobrirá que quem mais lucrou com tudo foi mesmo o dono da emissora. Até porque contra camelô a gente nunca sai ganhando.


Lucas Fabbrin

sexta-feira, setembro 01, 2006

Expresso


Suas curvas redondas faziam os olhos brilhar. Brilhavam mais pelo desconhecimento do que seria aquilo, do que pelo brilho verdadeiro que a caneta possuía. “O que é isso?”. Não era apenas uma dúvida, uma reles pergunta. As palavras que pulavam dos olhos da menina eram dúvida, fascínio, medo, resignação, desejo. O brilho parecia ter sido contido por tempos num mundo escuro que mesmo os seus olhos infantis não tinham como iluminar. Não era o escuro dos barracos, dos córregos, da sujeira, pois isso a acompanhava até no mundo das luzes, belezas e sorrisos (mesmo que falsos) em que ela estava. Era o escuro da desilusão, tristeza, fome, que contrastava com o branco dos panos sobre seus braços. Afinal, para passá-los aos outros, os panos não poderiam confessar de que mundo eles, assim como ela, vinham.

Ele, por sua vez, não se fascinava com o escuro. Mesmo que dele soubesse muito pouco, já que até seu carro, preto, brilhava. O máximo que sabia era do preto da tinta de sua caneta, que, em mãos habilidosas como as dele, fazia brilhar os textos colados e calados na página branca.

Ele sabia como se pode cegar quando o fascínio toma lugar no pensamento. Já escrevera isso milhares de vezes. Mas pela primeira vez encontrava num simples, singelo momento, a contradição para os pensamentos de seus personagens. Talvez isso lhe mostrara o inverso do que é a existência deles: ele mesmo. Tal fascínio erguera suas pálpebras em vez de cerrá-las, e ele viu, na diferença entre aqueles dois mundos presentes numa só cena, aquilo que os fazia comuns: o medo do desconhecido.


Lucas Fabbrin