quarta-feira, julho 27, 2005

A Culpa é dos diminutivos!

E as pessoas têm se preocupado cada vez mais com a idade. Envelhecer. Parece até que querem tornar possível a paradoxal expressão “eu morri”. “Age ain’t nothing but a number” é o nome do livro que estava pra vender perto do British Museum. Com certeza deve pregar a “velha” história de ter o espírito jovem. Bobagem. Boa mesmo é aquela propaganda do metrô: “Afinal, quem quer chegar aos sessenta com a vitalidade de dezessete?”.

Ninguém mais quer viver a sua idade. Um bando de gente desesperada porque ficaram órfãos dos vinte ou trinta. Qual vai ser a última geração de idosos, ops, de pessoas da “melhor idade” a serem chamados de “velhinhos”? Tem algum problema chamar alguém assim? Se tiver vamos abolir os diminutivos!

Já tem gente adolescente – ou seria a “pior idade”? – a entrar em pânico porque faz dezessete. Aos trinta e quatro então, olha, vai dar morte por aí. Tá certo, faz tempo que perguntar a idade é ser indelicado, mas o interessante é a leva de pessoas que já estão respondendo “Não tem problema nenhum. Eu tenho não-sei-quantos anos.” só para as pessoas dizerem “Oh...” ao compararem a cifra com a aparência depois de injeções de toxina e cortes de bisturi. O fantástico é ver como as pessoas ficam felizes por paralisarem alguns músculos do rosto. “É brincadeira ou quer mais? Agora tu não sabe se estou feliz ou triste...”. Chega de “rugas de expressão”. Não vamos expressar mais nada. As marcas nossas do tempo devem ser eliminadas. Até porque, num mundo onde se confunde igualdade com “ser igual”, marcas são coisas que nos diferenciam do bolo.

Tipo aqueles bolos de caixinha. O forno é diferente, as mãos são diferentes, mas sempre fica igual. É garantido. Pegue o seu. Estão todos lá na prateleira. Nem precisa escolher porque dá tudo na mesma.

Só não reclame se você der de cara consigo mesmo no supermercado.

Lucas Fabbrin

2 Comments:

At 4:38 AM, Anonymous Anônimo said...

eu me deprimi quando fiz 21 anos porque não queria envelhecer.
sou a favor de um botoxinho aqui e ali, pra tirar algumas rugas, não a expressão. sou a favor de lipo, de silicone, deixa as mulheres que quiserem cuidarem do seu corpo cada uma a seu modo! já que somos cada mais ociosos, inentaram a academia. já que somos cada vez mais preguiçosos, inventaram a lipoescultura! viva o desenvolvimento!

 
At 11:50 PM, Anonymous Anônimo said...

Envelhecer no mundo moderno virou o pesadelo de todos. É tranqüilo e notório que as técnicas de cirurgia plástica e os tratamentos estéticos são inovadores e ajudam a melhorar a estima de qualquer um. O problema é fazer disso o único meio de valorizar as pessoas, que cada vez mais preconizam a estética e a aparência em detrimento do aprendizado e da vivência que só o envelhecimento traz.
Envelhecer é evoluir como ser humano, é ter um livro próprio onde nós mesmos somos o personagem principal. Cabe a cada um valorizar a sua própria história, uma vez que quando se têm saúde, bem-estar e a consciência de que estamos fazendo a diferença nesse mundo, a beleza vem de presente. E isso no fim das contas é o que menos conta.

 

Postar um comentário

<< Home